Alunos e alunas de várias origens étnicas de uma escola pública de St. Denis, subúrbio a noroeste de Paris, recebem câmeras para filmar seu cotidiano e temas de seu interesse, num projeto acompanhado por quatro anos pelo cineasta Éric Baudelaire.
22/12/2020
Quatro anos foi o tempo que o cineasta Éric Baudelaire investiu neste projeto, em que se entregam câmeras a alunos do Collège Dora Maar, uma escola pública de ensino médio de Saint Denis, subúrbio ao norte de Paris, para que retratem sua vida, sua identidade, sua paisagem. O que deve ou não estar num filme é o ponto de partida deste trabalho, em que pré-adolescentes de ambos os sexos e de várias origens étnicas discutem aspectos de uma realidade complexa que não lhes escapa, apesar da pouca idade e da capacidade ainda incipiente de elaboração.
Tomando estas partes pelo todo, Um Filme Dramático expõe uma amostra do que a França é, ou está se tornando, ou pode vir a ser. Em termos de futuro, pelo menos, as esperanças de alguns dos garotos já se mostram prejudicadas. Filho de marfinenses, o articuladíssimo Guy-Yanis Kodjo manifesta a total percepção de ter muito menos chances de um dia vir a tornar-se presidente do país onde nasceu. O racismo e a xenofobia já começaram, tão cedo, a fazer parte de sua vida.
Neusa Barbosa