Depois dos ataques de 11 de setembro, um grupo de soldados norte-americanos é mandado para o Afeganistão para libertar o país do Talibã.
14/02/2018
12 heróis é um filme que já chega, de certa maneira, datado. Tudo começa com os ataques do 11 de setembro de 2001, quando uma família norte-americana feliz de classe média fica horrorizada diante da televisão. O pai é o capitão Mitch Nelson (Chris Hemsworth), que nunca esteve em combate e acabou de pedir transferência para um posto burocrático. Diante do caos e da destruição, ele não mede esforços para entrar na ativa, mesmo com o custo de deixar sua mulher (Elsa Pataky) e filha pequena (Marie Wagenman) para ir onde for necessário para vingar o seu país.
A desculpa oficial, no entanto, é libertar o povo afegão do Talibã, destruindo sua base em Mazar-i-Sharif. Para isso, as tropas precisam atravessar o relevo montanhoso do país, e a única maneira para os 11 soldados – liderados pelo capitão Nelson – é seguir montados em cavalos, com a ajuda de um general afegão (Navid Negahban).
Dirigido pelo fotojornalista dinamarquês Nicolai Fuglsig, a narrativa de 12 heróis se organiza como um vídeo game longo (o filme tem mais de 2 horas) e tedioso, no qual cada nova cidade funciona como um novo nível e cada montanha atravessada, pontos são dados.
Baseado num fato real, o filme serve como um veículo de exaltação do espírito americano e funciona como mais um exercício de patriotismo. Os heróis são exatamente isso que o título nacional promete – por herói, entenda-se máquina de matar – sem consciência, sem problemas emocionais (estresse pós-traumático não existe nesse universo). Ao contrário dos bons filmes de guerra recentes – como Guerra ao terror –, que problematizam e discutem a presença militar americana em outros territórios, além das feridas de guerra dos soldados, aqui só há o prazer de matar e “libertar o mundo do mal”.
Os personagens não demonstram um pingo de profundidade, são figuras chapadas. Ironicamente, o melhor deles é o general afegão, enquanto os americanos parecem todos a mesma pessoa. Até bons atores, como Michael Shannon, não se encontram sob a direção enfadonha de Fuglsig. Dessa forma, a intenção dos personagens de salvar o mundo, impedindo novos ataques como os de 2001, soam tão falsas quanto a paisagem do Novo México (onde o filme foi rodado) passando-se pelas montanhas do Afeganistão.
Alysson Oliveira