O documentário acompanha o dia-a-dia de um grupo de agentes carcerários de uma prisão no Paraná.
07/09/2017
Antes de se tornar cineasta, Aly Muritiba (Para minha amada morta) atuou como agente carcerário no Paraná. No documentário A Gente, ele volta à prisão onde trabalhou e registra o cotidiano dos funcionários. O que as câmeras captam é um sistema carcerário problemático, e que se torna evidente a partir da experiência pessoal de cada uma das figuras. O longa é o terceiro de uma série do cineasta a apresentar o cotidiano das prisões brasileiras – os outros dois são os curtas A Fábrica (2011) e Pátio (2013)
A câmera de Muritiba é um olho que acompanha sem interferir, seguindo com um registro documental sóbrio num ambiente e com um tema que facilmente cairia num proselitismo, dadas as camadas envolvidas na questão carcerária. O que interessa ao diretor é o material humano, e ele coloca os agentes como as figuras centrais – são acompanhados no trabalho, em casa, no culto evangélico, trazendo-se à tona a dinâmica entre o profissional e o pessoal.
O material humano realmente é interessante. Há também imagens reveladoras do interior de um presídio, mas, às vezes, o filme parece encantado demais consigo mesmo e deixa se levar por muito tempo. Os quase 90 minutos de projeção são um pouco demais, um corte mais curto talvez tornasse o resultado mais contundente.
Alysson Oliveira