A vida e a obra do artista plástico brasileiro Nelson Leirner está ao centro deste documentário da série Iconoclássicos, patrocinada pelo Itaú Cultural. Dirigido por Carla Gallo, o filme incorpora não apenas entrevistas, mas também mimetiza a obra do biografado.
31/08/2011
Assim é se lhe parece, de Carla Gallo, é um daqueles filmes que beiram a perfeição, combinando da melhor maneira forma e conteúdo. O documentário sobre o artista plástico Nelson Leirner é igual a ele: inteligente, criativo e irreverente. Bom de papo, o biografado está cheio de histórias para contar sobre suas criações, bastidores da arte e sobre a vida.
O bom no filme de Carla é que o documentário não se presta a ficar passivamente colhendo depoimentos do artista. O filme é criativo, tem um ritmo ágil – sem se tornar superficial ou banal – e acompanha de perto o processo criativo de Leiner, mas nunca busca explicações, filosofias. É a arte acontecendo.
Leiner é um artista livre, libertário, longe de convenções mercadológicas ou do mundinho artístico. Para ele, a arte é consequência de seu trabalho, seu empenho, e não de esperar alguma inspiração divina. Sua arte é engraçada, contestadora, debochada, e, por isso, sempre atual e relevante.
Assim é se lhe parece é o terceiro documentário da série Iconoclássicos (patrocinada pelo Itaú Cultural), que já lançou filmes sobre Itamar Assumpção e Paulo Leminski. Ainda nesse ano, serão lançados sobre Zé Celso por Tadeu Jungle e Eliane Cesar, e Rogério Sganzerla por Joel Pizzini.
Carla, que foi premiada no É tudo verdade em 2008 com O aborto dos outros, faz um filme de sensibilidade peculiar, vibrante e bonito – poderia até ser uma instalação do próprio artista. Documentarista talentosa, ela se apropria do material alheio, toma-o para si, reinventa-o, faz o seu próprio filme, e, por consequência um belo registro da vida e obra do biografado.
Alysson Oliveira