John Milton está caçando os malfeitores que se apossaram de seu neto, a quem pretendem sacrificar, para instituir o reinado de satã na terra. Ele é perseguido e só conta com a ajuda de uma moça, que resolveu dar-lhe carona e passa a correr perigo também.
25/03/2011
O ditado “o diabo não é tão feio quanto se pinta” parece ter sido criado por um espectador do filme
Fúria sobre rodas, o novo equívoco cometido por Nicolas Cage, que circula em cópias convencionais e 3D. Mais uma vez, o ator empresta seu carisma e prestígio para dar vida a um projeto que se sustenta parcamente nas mãos do diretor Patrick Lussier. E novamente a história tem lances sobrenaturais, como em
Caça às bruxas, o filme anterior de Cage.
Não é preciso nem estar muito atento à tela para perceber de imediato que o anjo das trevas está envolvido na trama e poderá até dar uma mãozinha ao protagonista que luta, justamente, contra uma seita satânica.
O filme começa com uma cena violenta de ação, com um grupo de gente mal-encarada sendo perseguido por Nicolas Cage, no papel de John Milton (não por acaso o nome do poeta inglês do século XVII, autor do clássico O Paraíso Perdido). Esse primeiro combate é vencido com muita destruição, membros decepados, explosões e incêndios por Milton, que quer arrancar das vítimas o paradeiro de uma criança sequestrada, em poder de membros de uma seita misteriosa, que pretende sacrificar o bebê para trazer o reinado de satã à Terra.
Ao contrário do poeta, o Milton encarnado por Cage é um homem de pouquíssimas palavras e nenhuma rima. Um pouco mais desse mistério será conhecido com a entrada em cena de Piper (Amber Heard), uma garçonete que vê sua vida virar de pernas para o ar no momento em que concordou em dar carona a Milton, sem saber o risco que passaria a correr.
Ao mesmo tempo em que busca encontrar os raptores do bebê, Milton também é perseguido por membros da seita, que o julgavam morto num confronto anterior. Ele está bem vivo, como comprova o estrago que faz com sua artilharia pesada. Mas há algo de estranho em suas ações, em seu comportamento. O clima começa a ganhar contornos sobrenaturais com a chegada de outro personagem, que se apresenta como Contador (William Fichtner), que também está no encalço de Milton, mas por outros motivos. É a presença enigmática do Contador que alimenta o pouco de mistério necessário para que a plateia permaneça bravamente em suas cadeiras a partir da metade final do filme.
A parceira feminina não acrescenta muito à história, a não ser para comprovar o velho clichê da mocinha que deve ficar longe da confusão, mas acaba se deixando capturar e obrigando o mocinho a soltar suas armas para que ela não seja morta. Era assim no velho Oeste e continua assim nos roteiros tão pouco imaginativos de Hollywood hoje. O filme foi um estrondoso fracasso de bilheteria nos Estados Unidos e, por conta disso, talvez não ganhe uma sequência, como a cena final parece indicar.
Luiz Vita