Deserdado pelo pai, Solomon Kane se torna um ladrão. Sua vida muda radicalmente quando se encontra com um intermediário do demônio. Mais tarde, ele terá de voltar à ativa para salvar a vida de uma moça.
03/09/2010
O escritor Robert Ervin Howard (1906-1936) criou, quatro anos antes de se matar, um personagem muito conhecido, imortalizado nas histórias em quadrinhos e no cinema: Conan, o Bárbaro. Chega às telas (em versão dublada e legendada) outro personagem criado pelo escritor texano, que também foi aproveitado em gibis no anos 1970, Solomon Kane, uma espécie de vingador de espada que, um dia, viveu sob a ameaça de perder sua alma para o diabo.
Kane, personagem de diversos contos fantásticos publicados em revistas populares americanas, as chamadas pulp fiction, é até mais interessante que o musculoso guerreiro, interpretado no cinema por Arnold Schwarzenegger. Nobre deserdado pelo pai, Solomon Kane (James Purefoy) é um homem cruel e vingativo, saqueador de castelos, que, depois de escapar de um encontro com um intermediário do diabo, decidiu que era hora de mudar de vida. Acolhido por padres, recolhe-se à meditação e abandona as armas.
Mas tudo mudará quando os religiosos lhe pedirem para abandonar o local e reiniciar sua vida longe dali. Os campos ingleses do século XVII são uma terra violenta e arrasada. Os camponeses são perseguidos e escravizados por hordas de bandidos, comandados por um bruxo com poderes demoníacos. O cenário se assemelha aos filmes futuristas depois da destruição nuclear: pessoas famintas e criaturas monstruosas vagueiam por estradas desertas e sombrias.
Nesse caminho, Kane se junta a uma família que pretende imigrar para a América. Não demora para que o grupo seja atacado e Meredith (Rachel Hurd-Wood), a filha adolescente do casal, sequestrada. Kane não vê alternativa a não ser abandonar sua vida espiritual e desembainhar novamente a espada para resgatar a garota. Ele sabe que, ao final da busca, terá de acertar contas com o demônio.
Perseguições, lutas, desmembramentos e decaptações temperam a quase totalidade do filme, dirigido por Michael Basset. Em alguns momentos não há como não lembrar das batalhas e cenas épicas da trilogia O Senhor dos Aneis. Mas, o que transborda no filme de Peter Jackson, uma história intrigante e bem conduzida, falta em Solomon Kane. Aqui, o roteiro é raso e não exige nenhuma superação dos atores. É um filme com vocação para passar na sessão da tarde da TV, como acabam as fitas de ação, principalmente as que possuem poucas qualidades.
Luiz Vita