Três famílias viajam para o norte do Irã, para apresentá-la a uma jovem professora e a um amigo, que acabou de chegar ao país, vindo da Alemanha. O desaparecimento dessa moça irá atrapalhar todos os planos.
28/12/2009
O desaparecimento de Elly revela uma rede de mentiras armada para encobrir outras. Elly sempre foi misteriosa, mas Sepideh sabia de alguns detalhes que, se revelados, poderiam ter evitado complicações. A começar pela brincadeira que ela faz ao contar à velha vizinha da casa de praia, inventando que Elly e Ahamad são recém-casados em lua-de-mel.
Em Teerã, Elly deixou para trás, além de uma mãe velha e doente de quem esconde várias coisas, como sua própria viagem à praia, outro segredo muito maior. Quando revelado, ele poderá destruir sua honra, mesmo que ela nunca mais volte.
Assinando também o roteiro, Farhadi constroi a teia em pequenos detalhes, em coisas que parecem casuais, mas, no fundo, dizem muito sobre os personagens. A primeira parte do filme, totalmente despojada e alegre, transmite a impressão de que casas de veraneio são todas iguais – seja em Ubatuba ou no Mar Cáspio. Conforme a trama caminha, alguns fatos mostram-se típicos da sociedade iraniana que, apesar de alguma abertura à modernidade, mantém inalteradas rígidas tradições. As mulheres, por exemplo, jamais tiram o véu, nem quando estão entre amigos ou quando entram no mar.
A fotografia de Hossein Djafarian (Ouro Carmim) acompanha as variações atmosféricas no filme. Se na primeira parte é ensolarada e ilumina os personagens e ambientes com graça, na segunda metade torna-se obscura e exalta a tensão do momento. Através desses detalhes técnicos e narrativos, Farhadi imprime ao seu filme uma relevância muito além de um simples relato de férias frustradas.
Alysson Oliveira