Max Payne é um policial atormentado, que tenta descobrir os assassinos de sua família. Na investigação, chega a pessoas com asas tatuadas em seus pulsos e viciadas num líquido alucinógeno azul.
19/11/2008
Hollywood continua insistindo em adaptar videogames para o cinema. A mais nova tentativa atende pelo nome de Max Payne. Como em todos os outros exemplares do gênero, aqui não há muita diversão – ao menos, para quem está deste lado da tela. É como ficar sentado ao lado de seu amigo assistindo-o jogar enquanto a você cabe apenas o papel de observador.
O diretor John Moore (do descartável remake de A Profecia) não está interessado em apenas mostrar Max Payne atirando para todos os lados e o sangue jorrando. De alguma forma, ele quer colocar seu filme na tradição noir – ou neo-noir, que seja o caso. Para isso, não basta ter algum investigador soturno e misterioso para que o filme pertença ao mesmo gênero de O Falcão Maltês. É preciso, acima de tudo, idéias e personalidade – coisas que claramente faltam aqui.
Max Payne é interpretado por Mark Whalberg que, depois de sua merecida indicação ao Oscar por Os Infiltrados, ainda não conseguiu fazer um filme que valha o ingresso. Ele é o policial atormentado cuja mulher e filhos foram friamente assassinados. A sua missão consiste em descobrir os culpados.
Max Payne não se contenta em ser um suposto policial. É preciso combinar religião e ficção científica. E no momento em que o personagem-título vê algo que seria um anjo – ou demônio? – na frente de um prédio, é sinal de que algo realmente saiu do controle e está se pedindo demais do público.
A morte da família de Payne tem a ver com pessoas com asas tatuadas em seus pulsos e viciadas num líquido alucinógeno azul fabricado por uma corporação farmacêutica. Tudo isso é apenas desculpa para pancadaria, tiroteios e frases do tipo: “Eu não acredito no paraíso, eu acredito na morte”.
Em sua jornada, Payne conta com o auxílio de uma mercenária russa chamada Mona Sax (Mila Kunis) cuja irmã (vivida pela atual Bond girl Olga Kurylenko) também era viciada no líquido azul, tinha uma tatuagem no pulso e foi assassinada depois de um encontro com o protagonista.
O roteiro assinado por Beau Thorne envereda por caminhos e temática complexa o bastante para chegar a um filme sério – como mortalidade, guerra contra o terror e religião, o que parece demais para um suposto entretenimento baseado em videogame que, aliás, parece ser bem mais divertido do que essa soporífera adaptação cinematográfica.
Alysson Oliveira