Trailer
Cenas comentadas pelo diretor
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Idioma: francês
Legendas em português e francês
Versão de tela: letterbox: apresentado no formato de tela larga preservando o aspecto da tela de exibição de cinema
29/01/2003
O diretor Claude Chabrol, um dos mestres da Nouvelle Vague francesa, em dia de Alfred Hitchcock, escala Isabelle Huppert para um filme onde as referências ao velho mestre do suspense dão à história o sabor de uma xícara de chocolate envenenado, degustado na plácida companhia de um pianista renomado e sua bela e indecifrável mulher.
Como recusar a bebida, preparada com tanta gentileza por Mika Müller (Isabelle Huppert), dona de uma fábrica de chocolate em Lausanne, na Suíça? Como desconfiar que por trás de tanta gentileza esteja em andamento um perverso plano criminoso?
As intenções de La Huppert são conhecidas desde o início do filme, mas o que importa é saber por que ela age assim ou quais são as pessoas que pretende tirar do caminho.Ela é casada pela segunda vez com o pianista André Polonski (Jacques Dutronc). A segunda mulher do músico morreu num acidente de carro e, pouco tempo depois, André voltou a se unir a Mika, de quem havia se divorciado.
Ambos cuidam de Guillaume (Rodolphe Pauly), filho de André com a segunda esposa. No passado, existiu a suspeita de que o rapaz não fosse seu filho e tivesse sido trocado na maternidade no lugar de uma menina que nasceu no mesmo dia.
A menina é Jeanne Pollet (Anna Mouglalis, que esteve recentemente em São Paulo para o lançamento do filme no Festival de Cinema Francês), filha de uma médica legista. Casualmente, a moça, estudante de piano, descobre a história e decide procurar Polonski.
As coincidências mexem com Polonski. Afinal, ela poderia mesmo ser sua filha e, ainda mais, é pianista. Como um dedicado pai ou um velho mestre, o pianista se propõe a aprimorar a técnica da garota para que ela seja aprovada num exame. Os encontros passam a ser freqüentes, para desconforto de Mika. Mais de uma vez a vemos preparar seu misterioso e elogiado chocolate e não sabemos a quem se destina. Para Guillaume, para Jeanne, para o marido? Numa pitada de humor negro, a música exaustivamente ensaiada ao piano é a Marcha Fúnebre de Liszt.
Falando sobre a atuação de Isabelle Huppert, o crítico Roger Ebert observou em seu comentário no Chicago Sun Times que nunca viu um rosto tão gelado, como o de um jogador de pôquer, desde Buster Keaton. A expressão facial da atriz durante o desenrolar de toda a história é uma aula de interpretação à parte, com sabor de curso de mestrado na cena final.
Cineweb-11/10/2002
Luiz Vita